terça-feira, 8 de abril de 2014

Estupro





Medo, angústia, nojo. Essas foram as únicas coisas que pude sentir. Estava andando pela rua, de repente alguém me puxa. Era um cara lindo, loiro, alto, o sonho de toda mulher, mas eu não o conhecia. Pensei que ele tinha me confundido, mas ele tinha um sorriso estranho, meio assustador. Eu tentei sair, mas ele me segurou forte, comecei a achar estranho. Tentei gritar, mas ele tampou minha boca. Chorei, parece que isso o excitou, ele me jogou dentro de um carro e me levou para um lugar que eu não conhecia. Ele começou a tirar minha roupa, eu tentei resistir, mas ele me bateu, fiquei com medo e decidi ficar quieta, em nenhum momento ele falou nada, apenas chorei, parece que era isso que ele esperava. Quando conseguiu tirar toda a minha roupa tirou a dele também, eu pensei em fugir enquanto isso, mas minhas pernas não respondiam mais, o medo tinha tomado conta de todo o meu corpo. Quando ele começou a me penetrar me senti a pior pessoa do mundo, a angústia e o nojo daquele momento nunca poderão ser explicados, só quem passa pode saber. Depois que ele se satisfez me deixou na beira de uma estrada, eu não conhecia aquele lugar. Andei sem rumo, com a roupa rasgada, parecia um zumbi. Chegando a uma delegacia pedi ajuda, mas o que ouvi do policial foi que eu não deveria estar na rua tão tarde, que mulher tinha que ficar em casa, que minha roupa era muito curta e que qualquer homem sentiria vontade de transar comigo. Senti-me humilhada, desamparada. Fui levada para casa. Ao chegar desabei, minha mãe veio ao meu encontro, ela parecia preocupada. Contei o que havia acontecido, mas a única coisa que ouvi foi um “eu te avisei, vive andando com essas roupas curtas”. Pensei que ao menos minha mãe me daria apoio, mas já vi que não teria. Pelo jeito eu quem era a errada, estava na rua na hora errada, usando a roupa errada. Na verdade acho que nasci errada, nasci mulher.

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