Medo,
angústia, nojo. Essas foram as únicas coisas que pude sentir. Estava andando
pela rua, de repente alguém me puxa. Era um cara lindo, loiro, alto, o sonho de
toda mulher, mas eu não o conhecia. Pensei que ele tinha me confundido, mas ele
tinha um sorriso estranho, meio assustador. Eu tentei sair, mas ele me segurou
forte, comecei a achar estranho. Tentei gritar, mas ele tampou minha boca.
Chorei, parece que isso o excitou, ele me jogou dentro de um carro e me levou
para um lugar que eu não conhecia. Ele começou a tirar minha roupa, eu tentei
resistir, mas ele me bateu, fiquei com medo e decidi ficar quieta, em nenhum
momento ele falou nada, apenas chorei, parece que era isso que ele esperava.
Quando conseguiu tirar toda a minha roupa tirou a dele também, eu pensei em
fugir enquanto isso, mas minhas pernas não respondiam mais, o medo tinha tomado
conta de todo o meu corpo. Quando ele começou a me penetrar me senti a pior
pessoa do mundo, a angústia e o nojo daquele momento nunca poderão ser explicados,
só quem passa pode saber. Depois que ele se satisfez me deixou na beira de uma
estrada, eu não conhecia aquele lugar. Andei sem rumo, com a roupa rasgada,
parecia um zumbi. Chegando a uma delegacia pedi ajuda, mas o que ouvi do
policial foi que eu não deveria estar na rua tão tarde, que mulher tinha que
ficar em casa, que minha roupa era muito curta e que qualquer homem sentiria
vontade de transar comigo. Senti-me humilhada, desamparada. Fui levada para
casa. Ao chegar desabei, minha mãe veio ao meu encontro, ela parecia
preocupada. Contei o que havia acontecido, mas a única coisa que ouvi foi um
“eu te avisei, vive andando com essas roupas curtas”. Pensei que ao menos minha
mãe me daria apoio, mas já vi que não teria. Pelo jeito eu quem era a errada,
estava na rua na hora errada, usando a roupa errada. Na verdade acho que nasci
errada, nasci mulher.
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